A morte do pato

A morte do pato

A morte do pato - o que restou do Imbecil, vol. V

“Só não direi que a curta e feliz existência de uma esperança foi o canto de cisne da direita liberal para não ser acusado de elevar, na escala estética das espécies animais, uma facção política que se deixou assar como um pato”. Este quinto volume da série O que restou do Imbecil traz todos os artigos que Olavo de Carvalho publicou no ano de 2002 — para quem não se lembra, ano de eleições, precisamente as que elevaram, pela primeira vez, Luiz Inácio Lula da Silva e o PT ao poder. Interligando acontecimentos nacionais e internacionais, recentes e longínquos, o autor tentava mostrar ao país quem realmente era Lula, e que aquele pleito não passava de um teatro, montado para ocultar o fato de que, por meio da estratégia gramsciana, a esquerda já tinha ocupado todos os espaços e criado para si uma falsa direita. Duas décadas depois, com o mesmo personagem de volta à presidência, reler esses apelos pode ser ao mesmo tempo alarmante e esclarecedor.

Apresentação

Este volume se compõe de todos os artigos que Olavo de Carvalho publicou no ano de 2002, nos jornais Zero Hora, O Globo, Jornal da Tarde, e na revista Época, e vem para integrar a série O que restou do Imbecil, que, dando seqüência a O Imbecil Coletivo, de 1996 (reeditado por nós agora em 2021), já conta com seus quatro primeiros volumes A longa marcha da vaca para o brejo (2019), O imbecil juvenil (2020), O leão e os ossos (2021) e O irracional superior (2023). O ano de 2002 foi marcado, no Brasil, pelas eleições presidenciais, nas quais concorreram Anthony Garotinho, Ciro Gomes, José Serra e Luiz Inácio Lula da Silva, e que elevaram, pela primeira vez, o ao poder em Brasília. Em seus artigos, o filósofo tentava conscientizar os brasileiros da farsa em que consistia aquele pleito, dado que “uma campanha eleitoral, no Brasil de hoje, é apenas um gigantesco esforço de causar boa impressão, e rigorosamente nada de substancial pode ser discutido desde o ponto de vista de um interesse tão epidérmico”. Ao explicar as ligações de Lula com o movimento comunista latino-americano, e as raízes deste na história dos séculos anteriores, Olavo se esforçava por mostrar que “a direita”que tínhamos era “a direita com que a esquerda sempre sonhou, a direita que, a rigor, a esquerda mesma criou para seu próprio uso e deleite”. Consternado quando interpretavam seus escritos como expressões de apoio ou oposição político-partidária, explicitava que “um filósofo tem o direito de exigir que suas declarações sobre qualquer assunto menor sejam interpretadas à luz de suas próprias concepções mais gerais e fundamentais, e não a partir de semelhanças ou diferenças fortuitas com opiniões de outras pessoas. Esse direito se torna ainda mais irrecusável se tais opiniões, por dignas e honradas que sejam no seu domínio próprio, são emitidas desde o ponto de vista de interesses imediatos alheios à única preocupação filosófica essencial, que é a busca da unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice- versa”. Duas décadas depois — e, após tantas andanças, com o mesmo personagem de volta à presidência —, estes artigos devem ser lidos por nós sob aquela mesma luz, pois, como nos deixou precavidos seu autor, eles permanecem seriamente atuais:“Muitas coisas que eu escrevi vão ser úteis depois da minha morte”.

— O editor

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